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Cheguei à Universidade. E agora?

  • Foto do escritor: Instituto Repartir
    Instituto Repartir
  • 29 de jul.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 1 de ago.

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Por Emerson Couto


Que felicidade ver pessoas negras chegando ao Ensino Superior, projetando novos horizontes de trabalho e vida. Chegar é a primeira grande conquista. Precisamos conversar sobre permanência e futuro. Esta é a inclusão completa. 


A razão para a evasão universitária no Brasil é complexa e multifatorial, segundo alguns (poucos) estudos dedicados ao tema. No caso das populações historicamente excluídas, os motivos principais são a dificuldade financeira para se manter na Universidade, a dificuldade de conciliar os estudos com trabalhos fora da área, e incertezas sobre a escolha do curso e a inclusão futura no mercado de trabalho. 


Dez anos após a Lei de Cotas, que garantiu o acesso de muito mais pessoas negras à Universidade no Brasil, discute-se como aprimorar esta e outras políticas afirmativas na área da educação. Além de fortalecer o que já foi conquistado, garantir a permanência destes estudantes na universidade e prepará-los/conectá-los ao mercado de trabalho são novos desafios colocados. 


O professor Helio Santos, doutor em Administração, ativista e um dos fundadores do Instituto Brasileiro da Diversidade (IBD), ressaltou, certa vez, que “nenhuma outra política pública reduziu mais as desigualdades sociais no Brasil do que as cotas raciais” nas universidades e apontou caminhos para seu aperfeiçoamento. 


“Como o racismo é sistêmico, as ações afirmativas igualmente precisam ser sistêmicas. Além da flexibilização do acesso, que é a chegada à universidade, precisamos de bolsas para a permanência”, diz. Santos fala ainda de um refinamento para além do apoio financeiro que passa por um acompanhamento dos estudantes e foco no pós-curso. “E depois da universidade, para onde vão estes estudantes?”, questiona. 


No Instituto Repartir, a inclusão que propomos aos estudantes está totalmente alinhada a este olhar sistêmico. Além da bolsa financeira, o estágio promove aprendizado técnico e prático na área – com vivências diversas e construção de portfólio –; desenvolvimento humano; e potencialização do protagonismo, liderança e consciência social desta juventude. Impacto real na construção de sua autoconfiança e perspectivas de trabalho. 


Cida Bento, fundadora e conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), publicou na Folha de S. Paulo o artigo “Fortalecer, ampliar e aprimorar os sistemas de cotas”, em que destaca os bons resultados alcançados com a Lei de Cotas e pontos de evolução. 


“(Estudos) Apontam a necessidade de ampliar a noção de permanência nas políticas universitárias envolvendo não só bolsas e auxílios financeiros, mas também acolhimento, escuta ativa, acesso a cursos de línguas estrangeiras, dentre outras”, escreve. 


Pensar de forma ampla – apoio financeiro, aprendizado prático/ponte com o mercado de trabalho e acolhimento emocional – é o caminho. O trajeto é longo, mas uma parceria entre poder público, poder privado, universidades e organizações da sociedade civil tem tudo para torná-lo possível. E, assim, promover o combate às desigualdades sociais numa dimensão ainda maior.


No Instituto Repartir, nossa Jornada Social compreende estágios remunerados com duração de 12 meses para pessoas universitárias de Comunicação de famílias de baixa renda. Cada uma tem uma carga total de 1.200 horas neste período. É um ótimo tempo para desenvolver e aprimorar diferentes competências técnicas e humanas.



Emerson Couto é cofundador do Instituto Repartir, organização sem fins lucrativos que tem como propósito fortalecer a inclusão de estudantes de Comunicação de famílias de baixa renda, em especial pessoas negras, mulheres e pessoas LGBT+, na universidade e no mercado de trabalho.




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